O namoro é um
encontro de duas pessoas. Encontro original, diferente, tocante, envolvente.
Começa carregado de impulso, instinto, atração. Traz, porém consigo, horizontes
maiores, surpresas arrebatadoras, descobertas e sonhos fascinantes. O namoro
tem rumo, direção, objetivo. Não é um encontro qualquer. Não é epidérmico, nem
destinado ao surfismo, à superficialidade, mas às profundezas e às alturas.
No namoro
encontram-se duas histórias, duas consciências, dois futuros, duas
necessidades, duas diferenças, dois mistérios que irão se olhar, se acolher,
dialogar, sorrir, desabafar, confidenciar, confiar, decidir e conviver. O
namoro é porta de entrada em direção à vida, ao amor, à família, à paternidade.
O namoro humano
acontece mais na alma, no coração, na intenção, na consciência do que no corpo.
Como é pobre, equivocada, vazia e frustrante a experiência do namoro onde só
rola paixão, ciúme, sexo, transa. Egoísmo e imaturidade, despreparo e
desconhecimento de si e do outro, fazem do namoro uma brincadeira erótica,
cheia de enganos e desilusões. É preciso distinguir entre o que é gamar,
gostar, amar. O coroamento do namoro é a decisão em contrair núpcias, formar
família, transmitir e educar vidas e pessoas.
Namoro não é passa tempo,
não é programa de fim de semana, não é mera camaradagem, companheirismo,
aproveitamento, curtição, muito menos fuga de casa, medo de sobrar, imitação da
moda (todo mundo faz), busca de auto-afirmação. Namoro é conhecimento mútuo,
partilha de vida, esperança em ser mais, tempo de crescimento e amadurecimento.
O namoro verdadeiro é
iluminado por um ideal, um valor objetivo, a realização de si e do outro. Pelo
namoro as pessoas se preparam para a missão de ser esposos, de formar família e
principalmente para responsabilidade e a beleza inaudita de serem
pais de seus filhos. Muitos casamentos são forçados, apressados, imaturos,
falsos, interesseiros, inseguros, despreparados porque o namoro e o noivado não
foram além da carne, transformaram-se em erotismo, prazer, curtição, no sentido
de “aproveitar a juventude”. Assim não pode dar certo.
Somos pessoas
frágeis, feridas, portadoras de condicionamentos, imaturidades e até portadores
de patologias profundas. Não é pois aconselhável namorar cedo demais. Namoro
precoce é um risco. Logo aparecem as brigas, ciúmes, dificuldades de diálogo e
até falta de assunto. Começa o afastamento das boas amizades, isolamento, as
rupturas com a família, o desleixo nos estudos. Deste modo o namoro acaba em
sofrimento e desgaste que envolve muita gente.
Precisamos devolver
ao namoro o seu significado autêntico, livrá-lo da banalidade e de interesses
egocêntricos. Namoro é uma experiência do amor humano que é visibilidade do
amor de Deus pelo mundo. Se há alguém enamorado pela humanidade é Deus. Os
namorados podem fazer uma grande experiência do amor de Deus através do namoro.
O amor dos namorados ajuda-nos a descobrir o coração enamorado de Deus por seus
filhos e filhas. É no namoro que está o início da educação de uma criança, e
são colocados os alicerces de uma família estável, duradoura e feliz. Todos
queremos ser decisivamente, autenticamente, pessoalmente amados. O caminho
normal para esta experiência é o namoro que requer maturidade física,
psicológica, ética e social. Namoro não é assunto privatizado, um
relacionamento a dois, sem conseqüências para a vida. Pelo contrário, o que
mais repercute na existência humana é o namoro porque é experiência de amor e
caminho para a auto realização, para o bem da família e conseqüentemente da
sociedade.
Em nossos dias, a experiência sexual é cada vez mais precoce e
fortemente influenciada pela pornografia via internet, celular etc., por outro
lado, a permissividade sexual dos adultos recebe também o nome de namoro.
Chegou a hora de restituir ao namoro seu autêntico significado, ou seja, uma
etapa, uma experiência de amar e ser amado com exclusividade, fidelidade,
respeito, pois, amar é querer o bem do outro, amor de benevolência.
Dom Orlando Brandes
Fonte: http://www.comshalom.org
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