Padre João Carlos Almeida (pe. Joãozinho, SCJ), doutor em Teologia Espiritual
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Neste domingo, 26, a
Igreja celebra a solenidade da Santíssima Trindade. A festa relembra o Dogma de
Fé que professa Deus, Uno e Trino, sendo três Pessoas distintas, mas um
único Deus.
Para facilitar a
compreensão sobre a Santíssima Trindade, é importante entender também o que vem
a ser o mistério, afinal, Deus é mistério. Na concepção de muitas pessoas, mistério é algo insondável, é o desconhecido.
Já o doutor em Teologia Espiritual, padre João Carlos Almeida (pe. Joãozinho,
SCJ), explica que na Teologia e na fé cristã, mistério é o contrário: é aquilo
que se pode experimentar, ainda que não se tenha o domínio racional do seu
todo. “O mistério não se compreende, se experimenta; e Deus se conhece pela
experiência. Logo, o mistério não é necessariamente para ser estudado, mas para
ser experimentado”, disse. A Igreja considera a Santíssima Trindade um grande
mistério. Seguindo a lógica explicativa do padre, é preciso fazer uma
experiência com a Trindade para então compreendê-la melhor. Todavia, segundo o
doutor em Teologia Espiritual, é possível também questionar sobre os mistérios
de Deus, mas é imprescindível ter fé, porque, para ele, a fé é uma forma de
completar aquilo que a razão não consegue alcançar.
“A razão, por mais
que ela tente, ela tem um discurso sempre limitado sobre Deus. Ela consegue dar
as razões, mas não consegue compreender Deus. Nós não podemos ter a arrogância
de pensar que nossas reflexões são definitivas”.
Apesar dos limites da
razão, a fé católica busca ampliar o campo de compreensão em torno da
Santíssima Trindade. Sobre este Dogma de Fé, padre Joãozinho explica: “Deus não
é solitário, Deus é solidariedade! Deus é Pai, é Filho e é Espírito Santo, Deus
é família: é Pai e Filho, Ele é o Espírito que existe entre o Pai e o Filho.
Deus é Pessoa. A Trindade não é uma composição de três indivíduos, mas de Três
Pessoas e pessoa se dá na relação, ou seja, o Pai é pai porque tem filho, o
Filho é filho porque tem Pai e os dois são pai e filho porque tem uma
paternidade filiação garantida pelo Espírito que há entre os dois. Isso é a
Santíssima Trindade, uma relação de amor: o Pai é o amante, o Filho é o amado e
o Espírito Santo é o amor do Pai e do Filho”.
Para facilitar a compreensão, o sacerdote dá um exemplo que se baseia no exercício humano do falar. “Pense numa pessoa que fala: eu falo com você, eu sou o falante. Agora, no momento em que eu falo a minha palavra fica gravada, então, a palavra se encarna, se grava. Para que eu fale é preciso soprar, sai um sopro de dentro de mim. Então, o Pai é o falante, o Filho é a Palavra do Pai encarnada, gravada. Mas, para que o Pai fale a Palavra que, encarnada se torna o Filho, é preciso o sobro do Espírito”. Apesar de serem três pessoas distintas, padre Joãozinho garante: “Nós não acreditamos em três deuses, nem em apenas três nomes do mesmo Deus, nem em três modos do mesmo Deus se manifestar”. Segundo ele, a fé da Igreja está num “Deus plural”, ou seja, “num Deus solidário, num Deus família. E ressalta: "a Trindade nos revela que nem Deus é auto-suficiente”.
Para facilitar a compreensão, o sacerdote dá um exemplo que se baseia no exercício humano do falar. “Pense numa pessoa que fala: eu falo com você, eu sou o falante. Agora, no momento em que eu falo a minha palavra fica gravada, então, a palavra se encarna, se grava. Para que eu fale é preciso soprar, sai um sopro de dentro de mim. Então, o Pai é o falante, o Filho é a Palavra do Pai encarnada, gravada. Mas, para que o Pai fale a Palavra que, encarnada se torna o Filho, é preciso o sobro do Espírito”. Apesar de serem três pessoas distintas, padre Joãozinho garante: “Nós não acreditamos em três deuses, nem em apenas três nomes do mesmo Deus, nem em três modos do mesmo Deus se manifestar”. Segundo ele, a fé da Igreja está num “Deus plural”, ou seja, “num Deus solidário, num Deus família. E ressalta: "a Trindade nos revela que nem Deus é auto-suficiente”.
Se as Três Pessoas são um único Deus, o que então as tornam diferentes uma das
outras? De acordo com o Catecismo da Igreja, a diferença entre as Pessoas da
Trindade está no relacionamento existente entre elas (cf. CIC nº 255).
Padre Joãozinho
explica que isso foi esclarecido por Santo Tomás de Aquino que denominou essa
relação como “atributos” De acordo com o santo, as Três Pessoas têm atributos
próprios: o Pai é criador, o Filho salvador e o Espírito santificador. Mas os
atributos próprios não esgotam o significado de cada uma das Pessoas porque,
como elas se inter-compenetram e a Igreja acredita em um só Deus, há atributos
apropriados também.
“O Espírito Santo se apropria do atributo de criar. Há um hino chamado ‘Veni Creator’ que mostra a dimensão do Espírito Santo enquanto criador, criativo. O Filho é salvador, mas o Filho também cria, enquanto atributo apropriado. Atributos próprios: o Pai criador, o Filho salvador e o Espírito Santo santificador; e atributos apropriados enquanto um se apropria dos atributos das outras duas pessoas”, esclarece padre Joãozinho. Entender ou apenas crer na Trindade?
“O Espírito Santo se apropria do atributo de criar. Há um hino chamado ‘Veni Creator’ que mostra a dimensão do Espírito Santo enquanto criador, criativo. O Filho é salvador, mas o Filho também cria, enquanto atributo apropriado. Atributos próprios: o Pai criador, o Filho salvador e o Espírito Santo santificador; e atributos apropriados enquanto um se apropria dos atributos das outras duas pessoas”, esclarece padre Joãozinho. Entender ou apenas crer na Trindade?
Sobre essa questão, o padre afirma que as duas coisas se influenciam
mutuamente e lembra ainda o que disse Santo Anselmo: “Creia para compreender”.
A inteligência pede a compreensão e, segundo o padre, uma fé verdadeira busca
dar as razões, “não é uma fé irracional ou uma fé de quem diz: eu não entendo,
mas pulo”. “A nossa compreensão do Mistério da Trindade é muito mais o ser
compreendido por este mistério, ou seja, estar mergulhado no mistério por uma
ação de fé que procura refletir, uma fé inteligente, mas ao mesmo tempo, uma fé
vivida, testemunhada”. Por fim, o padre explica que a fé consegue dar as razões
mas não consegue compreender Deus. “Um Deus compreendido não seria mais Deus.
Fonte: André Alves - Canção Nova
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